Seminário
discute as diretrizes de trabalho para a educação no campo
Termina amanhã, dia 31 de maio,
o ‘1º Seminário de Educação do Campo’ que está sendo realizado no auditório do
Hotel Fazenda Canto da Siriema, em Jaboticatubas. São mais de 400 pessoas
representantes de instituições ligadas à educação e a educação do campo. O encontro
está tendo o apoio da Secretaria de Estado de Educação (SEE) e conta ainda com
a participação de representantes do Conselho de Segurança Alimentar e
Nutricional Sustentável de Minas Gerais (CONSEA-MG).
Os participantes irão reunir
propostas dos diversos setores e aquelas aprovadas na plenária final serão
encaminhadas para o Governo de Minas para apreciação.
O Seminário surge da
importância da educação do campo, dada a complexidade dos grupos sociais que se
inserem neste contexto. “Comunidades indígenas, áreas remanescentes de
quilombos, famílias agrícolas que possuem um sistema escolar diferenciado,
conhecido por ‘pedagogia de alternância’, além dos assentamentos rurais
compõem, em suma, estes grupos que necessitam de programas educacionais
diferenciados, para que atendam melhor seus anseios e particularidades”,
destaca a Soraya Hissa.
Nas escolas indígenas, por
exemplo, existem projetos de recuperação da cultura da etnia, inclusive, no
campo linguístico. Os quilombolas também possuem projetos pedagógicos
relacionados à memória, que necessitam de orientações de execução especiais.
Os alunos de escolas
famílias agrícolas já possuem também uma metodologia de ensino diferenciada.
Alunos de pequenas propriedades agrícolas do ensino médio recebem recursos da
União para frequentarem, além do ensino normal, um curso complementar de
técnicas agrícolas. E por esta razão, os jovens possuem um regime letivo
diferenciado, pois alternam 15 dias na escola e 15 dias em casa, e aplicam no
campo aquilo que aprenderam em sala de aula. A mesma preocupação se aplica a
crianças e adolescentes dos assentamentos rurais.
O seminário conta com
representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), o Conselho de Educação do Estado (CEE), a Associação
Mineira das Escolas da Família Agrícola (AMEFA), a Universidade Estadual de
Minas Gerais (UEMG), o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), o Conselho
dos Povos Indígenas de Minas Gerais (COPIMG), CONSEA-MG, Subsecretaria de Agricultura
Familiar, entre outras.
Ana
Lúcia Gazzola – Secretária de Estado da Educação
“Esse é o primeiro seminário
de Minas Gerais sobre a Educação no Campo, coordenado pela Secretaria de Educação.
O que estamos vendo aqui é uma mudança
de patamar com uma construção solidária de um verdadeiro mutirão pela educação
do campo e também pela educação como um todo.
Um projeto educacional de um Estado não mereceria esse nome se não acolhesse as diversidades e as dimensões educacionais que precisamos desenvolver.
Seguramente é um grande
débito com os povos do campo para o reconhecimento de suas especificidades e
suas diversidades e para que possamos criar e consolidar a educação de
qualidade com uma boa escuta das demandas e expectativas dos povos no campo.
O governo foi muito bem
representado pelas Secretarias de Estado, pelo Consea, pelo Conselho Estadual de
Educação, universidades, escolas, movimentos e entidades, enfim...um movimento
que é um verdadeiro mutirão e que vai definir diretrizes importantes e que caberá
à SEE implementar e desenvolver. Acho que é um grande momento que também é
histórico. Mas é muito importante que este momento se desdobre em ações
efetivas e em integrações transformadoras que, seguramente, como um coletivo,
seremos capazes de criar”.
Maria
Ceres Pimenta – Consultora e coordenadora do Grupo Temático de Educação para o
Campo
“Trabalhamos durante um ano
preparando este seminário. O documento final será transformando em propostas e
diretrizes da área de educação do campo a serem encaminhadas à SEE e a outros
entes federais (MEC, secretarias municipais, entre outros).
A nossa expectativa é que a
gente consiga, de forma compartilhada, uma participação de órgãos governamentais
e dos movimentos sociais que representam os sujeitos que estão no campo. Onde sejamos
capazes de identificar o que caracteriza essas demandas e transformá-las em
diretrizes.
Acreditamos que a política
pública tem que ter a responsabilidade do Estado, mas tem que ser construída de
forma compartilhada com as populações. Por isso investimos na preparação desse
seminário. Estamos aqui com representantes de diferentes organizações e
movimentos sociais presentes no campo e sabemos que vamos ter então a
possibilidade de ter uma discussão fértil, que englobe a diversidade, as
especificidades, mas que identifique principalmente o direito à educação de
qualidade para todos no campo ou na cidade.
Edmar
Gadelha – Subsecretário de Agricultura Familiar
“O Primeiro Seminário de
Educação no Campo é uma realização de um sonho, Há muito tempo a população do
campo, as diversidades das populações, dos povos e das comunidades tradicionais
vinham reivindicando que o Estado assumisse um protagonismo desse processo.
A gente considera a
realização desse encontro uma vitória. O importante disso tudo é uma educação
no campo contextualizada e a realidade em que se encontra no campo e na
perspectiva de construção de um modelo de desenvolvimento em bases
sustentáveis.
É nessa perspectiva que a
gente acredita que possa contribuir para que alcance a dignidade no campo, que
os direitos sejam cumpridos (econômicos, culturais e das diversidades dessas
populações).
É a primeira vez que o
governo promove um seminário com a participação direta das comunidades, dos movimentos
sociais, das organizações para se discutir as políticas a educação no campo em
Minas Gerais”.
Acompanhamento
das discussões
O Grupo de Trabalho Educação
do Campo, comissão de estudos criada em janeiro deste ano para discutir as
diretrizes estaduais de ensino para as escolas rurais de Minas Gerais, ganhou
uma página no portal da Secretaria de Educação.
O espaço funciona como mais um link para pesquisa e intercâmbio na área
educacional.
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