Presidente do Consea pede rigor com os transgênicos
Em discurso de posse como presidente do Conselho
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), Maria Emília Lisboa
Pacheco defendeu ontem, no Palácio do Planalto, a "restauração" da
preocupação do governo com os produtos geneticamente modificados.
"É
socialmente inaceitável que o mercado seja o regulador das decisões
tecnológicas. A consciência dos consumidores e a manifestação de suas
incertezas devem ser consideradas. Defendemos a rotulagem obrigatória de todos
os alimentos transgênicos, assegurando ao consumidor o direito à
informação", afirmou a nova presidente do consea diante da presidente
Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto.
Criado
em 2003, o consea tem caráter consultivo e auxilia a Presidência da República
na formulação de políticas e diretrizes ligadas ao direito à
alimentação. A posição crítica de Maria Emília sobre os transgênicos
contraria a posição defendida pelo novo presidente da Comissão Técnica Nacional
de Biossegurança (CTNBio), Flávio Finardi Filho.
Em
entrevista ao Valor, Finardi declarou considerar necessário "ter mais
organismos geneticamente modificados para que seja garantido o aumento da
produção na agricultura e a saúde dos animais".
Há
um embate ideológico no governo em relação aos transgênicos que se arrasta
desde 1997, quando a CTNBio autorizou a comercialização da soja produzida pela
multinacional Monsanto.
A
nova presidente do consea também pediu que o governo mantenha o veto à utilização
da chamada tecnologia genética com restrição de uso (GURT), defendida pelos
produtores rurais. Essa manipulação produz sementes estéreis e seria utilizada
para manter a capacidade produtiva das plantas, muitas vezes afetada pelo
florescimento.
Pelo
menos dois projetos em tramitação no Congresso Nacional pretendem derrubar a
proibição: um do deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) e outro da senadora Kátia
Abreu (PSD-TO), ambos representantes da influente bancada ruralista no
Congresso.
Notícia
extraída na íntegra do jornal Valor Econômico, de 18.4.2012
Fonte: Jornal Valor Econômico
Comentários