Pular para o conteúdo principal

Governo Federal lança pesquisa sobre povos e comunidades tradicionais de terreiros








O primeiro livro, de um total de cinco, foi lançado durante a 4ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Salvador





Com muito axé (força) e o grito do povo de terreiro, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e a Fundação Cultural Palmares lançaram, durante a 4ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Salvador, nesta terça-feira (8), a pesquisa socioeconômica e cultural de povos e comunidades tradicionais de terreiros. Com o título “Alimento: direito sagrado”, a publicação é resultado de um trabalho de cinco meses nas regiões metropolitanas de Recife, Belém, Belo Horizonte e Porto Alegre.
As comunidades de terreiro são territórios de preservação e culto das religiões de matriz africana,afro-brasileira e afro-indígena. Para Mãe Nalva, coordenadora da pesquisa em Belém e conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), “este livro veio mostrar que somos muitos – antes éramos invisíveis – e quais as nossas necessidades. Agora é esperar que as políticas públicas cheguem a nós”.
Marcelo Vilarino, representante da organização não governamental Associação Fundo de Quintal, que, por meio de licitação pública, fez a pesquisa, explicitou o avanço que esse trabalho proporcionará: “Obter essas informações significa dialogar com o Estado e ter acesso às políticas públicas”.
Maya Takagi, secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, avaliou que o livro é um presente de identidade cultural. “É um diagnóstico que tem peso para tantas pessoas”. Ivonete Carvalho, secretária de Políticas para Comunidades Tradicionais da Seppir, afirmou a necessidade de conhecer esses povos: “As comunidades de terreiro estão no País de norte a sul”.
Dados da pesquisa
A pesquisa identificou 4.045 casas de terreiro, sendo que o maior percentual se encontra em Porto Alegre (1.342 casas), seguida de Recife (1.261) e de Belém (1.089). O menor número está em Belo Horizonte (353 casas).
Foi confirmado o importante papel das casas de religião afro-brasileira e afro-indígena na promoção da segurança alimentar. A maioria delas produz e distribui alimentos para adeptos e não adeptos. Dos extremamente pobres, 53,3% situam-se em áreas urbanas, e quanto ao fator sexo, verificou-se que há distribuição homogênea entre homens e mulheres, exceto em áreas urbanas, onde há maior presença de mulheres.
No quesito cor/raça, os dados revelaram que a maioria dessas pessoas são pardas ou pretas (70,8%). Quanto ao perfil das lideranças, a maioria é formada por mulheres negras com baixa escolaridade e renda mensal não superior a dois salários mínimos. São poucos os terreiros que têm autoprodução de alimentos (14%) ou criação de animais (14%). As cestas de alimentos do Governo Federal cumprem importante papel na disponibilidade de comida (26,5%). Constatou-se que 85% dos terreiros possuem cozinha, e mesmo os que não têm produzem em casa seus alimentos (92,8%).
A pesquisa indicou a necessidade de o poder público, seja federal, estadual ou municipal, trabalhar com ações estruturantes junto aos terreiros e as comunidades do entorno em que se situam. Enquanto espaços de acolhimento, os terreiros podem ser vistos como facilitadores de ações de assistência social, saúde e segurança alimentar e nutricional de responsabilidade do Estado. São também espaços de promoção social e inclusão produtiva, potenciais lugares para a identificação de demandas por formação e capacitação da comunidade.
A sustentabilidade dessas culturas e a segurança alimentar e nutricional dessas comunidades estão relacionadas à produção de alimentos por meio de hortas comunitárias, quintais produtivos e agricultura urbana, conforme identificado pela pesquisa, que constatou a importância dos saberes tradicionais femininos. Junto à diversidade étnica e religiosa, eles precisam ser respeitados e trabalhados do ponto de vista de políticas culturais e educacionais.

Fonte: Jornal Primeira Edição

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

INSTITUCIONAL

O que é segurança alimentar e nutricional sustentável? A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas, alimentares promotoras da saúde que respeitem a diversidade cultural e que seja ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentável. Criação Criado em 1999 pelo Decreto n° 40.324 do Governador do Estado, o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas Gerais - CONSEA-MG é um órgão colegiado de interação do Governo do Estado com a Sociedade Civil, vinculado ao Gabinete do Governador. Seu objetivo é deliberar, propor e monitorar ações e políticas de segurança alimentar e nutricional sustentável no âmbito do Estado de Minas Gerais. Breve Histórico No ano de 2001 elaborou-se o Plano Estadual Dignidade e Vida e se deu a realização da 1ª Conferência Estadual de Seguranç

PROCESSO DE SELEÇÃO BIÊNIO 2023-2024 CONSEA-MG

A Comissão de Seleção do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas  Gerais - Consea-MG, responsável pelo processo de escolha das Entidades, Organizações Civis e Coletivos  da sociedade civil, na forma da Lei 22.806/2017, do Decreto nº 47.502/2018 e da Resolução nº  001/2022, torna público o presente Edital que trata do processo de seleção e renovação da composição  do Consea-MG para o biênio 2023-2024.  Ficam abertas as inscrições de Entidades, Organizações Civis ou Coletivos da sociedade civil para  seleção de representação para o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas  Gerais (Consea MG), para ocupar 26 (vinte e seis) vagas de membros titulares e 26 (vinte e seis) vagas  de membros suplentes para o Biênio 2023-2024, sendo:  17 (dezessete) vagas de membros titulares e 17 (dezessete) vagas de suplentes destinadas às  entidades, organizações civis e coletivos de abrangência regional, circunscritas à territorialidade,  conforme art.17

Relatório da 8ª CESANS

Conheça o relatório final da  8ª Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas Gerais, realizada nos dias 25 a 27 de outubro de 2023. É com imensa satisfação que compartilhamos o Relatório da 8ª Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas Gerais, realizada nos dias 25 a 27 de outubro de 2023. Este relatório é resultado da resistência, maturidade e compreensão do atual momento político que o país atravessa, marcado pelo desafio da reconstrução das políticas públicas, com o firme compromisso de apoiar aqueles que mais necessitam. Leia AQUI o relatório final da 8ª CESANS. A 8ª conferência reuniu mais de 200 delegadas e delegados de todo o estado. As propostas apresentadas lançam luz sobre as realidades municipais e desempenharão um papel fundamental na elaboração do VI Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas Gerais (2024/2027). Além disso, essas contribuições enriqueceram os debates da 6ª